do alto de uma nuvem, eu,
José flutuava com espanto.
acima de mim havia santos,
as dores não mais havia,
eu não usava mais óculos,
e li, que escreveram na areia
que o meu nome era José.
no poema escrito, ficara:
‘parido duma mulher mãe,
que num cartório firmara,
por um homem dito pai,
desde quando criancinha. ’
junto com a história morreu;
José era esse nome o meu.
noutras nuvens em movimento,
num bailado; triste e lento.
ora arrastando-me ao ocaso
rodopiando sobre as labaredas,
eram as chamas do inferno.
que voltavam ligeiras, de ré
sombreando aquela praia que
na areia escreveram José.
José; muito assim fui chamado,
para suscitar dúvidas, arguido,
qual no poema de Drummond.
mas não confundam, não era eu,
o tal da festa acabada dita.
fui outro; um José menos amado.
amado, tão quanto fui odiado
por não professar una fé.
a poesia ficou;
‘eu me chamava José’.
o sonho acabou,
a vida acabou;
o poema chorou;
o mal não há mais;
a dor não há mais.
o José não há mais...
Mario Quintana
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